terça-feira, 10 de maio de 2011

Estudo expõe fracasso na luta contra dengue


Um estudo acadêmico afirma que o Brasil tem melhorado o controle de doenças infecciosas, mas classifica a dengue como um dos poucos fracassos. "O cenário para o controle dessa doença não é estimulante", diz o estudo Sucessos e fracassos no controle de doenças infecciosas no Brasil. O texto foi escrito por seis pesquisadores, entre eles, o professor Mauricio L. Barreto, do Instituto de Saúde Coletiva e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e publicado na revista científica britânica The Lancet, lançada ontem na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília, na presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

"Mesmo com investimento de mais de meio bilhão de dólares (cerca de R$900 milhões) pelo governo a cada ano para o controle do Aedes aegypti, não se tem alcançado redução da densidade vetorial capaz de limitar ou reduzir a expansão da dengue, de forma sustentada", atestam os pesquisadores.

O estudo considera a dengue "um importante problema de saúde pública no Brasil". Segundo o texto, a incidência da doença tem aumentado desde 1986, com uma sucessão de epidemias. Além disso, é também preocupante o fato de que uma crescente proporção dos pacientes vem apresentando a forma grave da doença, a febre hemorrágica. Entre 2000 e 2009, 3,5 milhões de casos de dengue foram registrados, 12.625 dos quais eram de dengue hemorrágica, com 845 óbitos.

A pesquisa também afirma que "três em cada quatro municípios brasileiros estão densamente infestados pelo Aedes aegypti".

"Urge que se desenvolvam novos tratamentos e vacinas para aquelas doenças que provaram ser de difícil controle", concluem os estudiosos, que apontam falhas pontuais no sistema.

"Muitos são os gargalos para a pesquisa na área de saúde pública: os centros de pesquisa biomédicas e de saúde pública estão concentrados no Sudeste, que não apresenta as maiores cargas de doença, os procedimentos administrativos para importação de equipamentos de pesquisa são longos, as empresas privadas investem pouco em pesquisa, poucas pesquisas no Brasil geram patentes internacionais ou se traduzem em intervenções implementáveis", afirmam.

Os pesquisadores atestam, por outro lado, o sucesso do governo em controlar doenças como cólera, diarreia, doença de Chagas, tétano e poliomielite, com tratamentos disponíveis na rede pública hospitalar e postos de vacinação gratuita. E tecem elogios ao programa de controle de HIV/Aids, "o maior distribuidor de medicamentos antirretrovirais gratuitos em todo o mundo".


Do Jornal do Commercio Para AACEC - Candeias Bahia

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