Lixo nas ruas representa grande risco à saúde pública, favorecendo a proliferação de ratos
Chuvas torrenciais, lixo espalhado nas ruas e um sistema de “drenagem ineficaz” resultam em um cenário atraente para os ratos, que deixam como rastro a bactéria Leptospira, capaz de causar a leptospirose em seres humanos. Este ano, o Estado confirmou 53 casos da doença e nove pessoas morreram – um índice de letalidade de 17%.
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), a leptospirose representa a sexta causa de morte entre as doenças infecciosas no Brasil. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), em Salvador, desde janeiro, foram 23 casos confirmados e quatro pessoas morreram por conta da doença. Dos 23 casos, 14 vieram da região do subúrbio ferroviário.
O que pouca gente sabe é que a bactéria, que fica na urina do rato e mistura-se à água nas ruas, também pode contaminar os alimentos e transmitir a doença, alerta o infectologista Antônio Bandeira. “Acondicionados ou dispostos em locais inadequados, com umidade, sem ventilação e em contato com o chão molhado com água contaminada, frutas e crustáceos vendidos em feiras, por exemplo, podem transmitir a leptospirose”, ele adverte.
Duas fases - Especialista em infectologia, área em que trabalha como professor de médicos residentes, no Hospital Couto Maia, e com infecção hospitalar, no Hospital Aliança, Bandeira explica que a doença tem duas fases. A primeira delas, o doente nem sempre recebe o diagnóstico. Nessa fase, “os sintomas são febre, dor de cabeça, dores no corpo e dores na batata da perna. Parece uma dengue, e, por isso, quem tem o sistema imunológico resistente cura-se e nem sabe que foi contaminado”, explica o médico.
O que pode levar o paciente ao óbito, explica Bandeira, são as complicações que acontecem nas pessoas que evoluíram para a segunda fase da doença: insuficiência renal, com redução da quantidade de urina, que ganha um tom alaranjado intenso; alterações nos pulmões, como incidência de pneumonia, tosses, hipotensão arterial, e, em alguns casos, o paciente pode chegar a ter meningite.
“A insuficiência renal e a pneumonia são, em geral, as maiores responsáveis pelo falecimento do paciente”, esclarece Bandeira, que faz uma ressalva: “A culpa não é da chuva”. Para ele, “em todo lugar chove, mas nem todos têm leptospirose. O que falta é um sistema de drenagem decente em Salvador”.
Para a prevenção, o infectologista recomenda que a população evite o contato com água da chuva, que normalmente recebe contanto com a urina do rato. Na hora de comprar alimentos, ficar atentos, pois eles podem ter sido comercializados em locais cujas condições ambientais são favoráveis à proliferação da bactéria.
Por meio do Disque 160, a população pode fazer a solicitação para a visita de um técnico do Setor de Vigilância e Controle de Roedores do Município do Salvador, que é coordenado por Helena Farias.
O que fazer
Lixo - Não deixe lixo exposto. Só coloque o lixo na hora da coleta, bem ensacado e vedado, dentro do contêiner
Umidade - Evite o acúmulo de lixo nos quintais e em lugares úmidos ou molhados
Calçado - Evite andar descalço pela rua ou em terrenos baldios, que também reúnem condições de proliferação dos roedores
Alimentação - Fique atento e tenha muito cuidado com os alimentos consumidos na rua.
Fonte: Luciano da Matta/Agência A TARDE, para AACEC Candeias
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